16/11/2008

Leon Rosselson - Guess What They're Selling At The Happiness Counter

Pop Rock

19 de Abril de 1995
álbuns world


Adivinhem o lado escuro da cidade

LEON ROSSELSON
Guess what They’re Selling at the Happiness Counter (10)
Fuse, distri. MC-Mundo do Canção

Grande, enorme disco, este. Não só pela sua duração, setenta e três minutos, mas pelo talento, enorme, deste velho “leão” inglês para criar melodias com uma limpidez e uma acutilância do tamanho da Albion inteira. “Guess what…” é uma compilação de temas dos álbuns “Hugga Mugga…”, “If I Knew who the Enemy Was”, “For the Good of the Nation”, “Temporary Loss of Vision”, “Palaces of Gold”, “I Didn’t Mean it” e “Love”. Leon Rosselson pertence à estirpe dos cantores para quem o canto implica a participação empenhada e a crítica social. Com uma grandeza igual à de Christy Moore, na Irlanda. Dele já conhecíamos o álbum “That’s not the Way it’s got to be”, de parceria com Roy Bailey, outra voz atenta e interventiva, actualmente nos Band of Hope. Mergulhando as suas canções na raízes das velhas “working songs” e canções de protesto urbanas, Leon Rosselson jamais se deixa apanhar nas malhas da demagogia, mantendo em vez disso uma visão irónica que alia a uma excepcional capacidade para construir melodias das que se agarram como sanguessugas. O humor, quase sempre corrosivo, pode ser apreciado em canções como “Hugga mugga chugga lugga humbugga boom chit” (uma “mensagem mística que nos conduz ao coração das coisas…”), “On her silver jubilee” (celebração, em 1977, ao feito de em 25 anos de reinado a rainha nunca ter caído do trono…”) ou “Battle hymn of the new socialist party”, crítica mordaz ao aburguesamento do proletariado, sobre as notas da marcha nupcial e os versos: “Somos trabalhadores ‘avant-garde’ e somos instruídos. Achamos que devemos deixar de cerrar fileiras para fazer com que o público nos ame ainda mais, e só para mostrar que ainda somos sinceros cantamos ‘The red flag’ uma vez por ano…”
Ao lado coabitam denúncias, crónicas e recordações, ou dramas de personagens como a mulher “invisível”, vítima da discriminação e da indiferença, de “Invisible married breakfast blues”, uma das várias interpretações assombrosas da cantora convidada Liz Mansfield, entre 19 canções, todas elas de antologia, que fazem de “Guess what…” uma descoberta inesgotável. Os arranjos variam entre a simplicidade de uma guitarra acústica ou de uma “nursery rhyme” e os naipes de metais na boa velha tradição de Shirley Collins, Brass Monkey ou Home Service. Um álbum de palavras e melodias para sugar até ao tutano, com a colaboração, entre outros, de Martin Carthy, John Kirkpatrick, Sue Harris, Howard Evans e Roy Bailey.

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