14/11/2008

Lars Hollmer - Looping Home Orchestra, Live 1992-1993

Pop Rock

1 de Fevereiro de 1995
álbuns poprock

Lars Hollmer
Looping Home Orchestra, Live 1992-1993
VICTO, IMPORT. ÁUDEO

Lars Hollmer é um teclista e acordeonista sueco que fez parte dos lendários Sammla Mannas Mama – membros da organização Rock in Oposition –, formados no final dos anos 70 por Fred Frith e Chris Cutler, para depois enveredar por uma carreira discográfica a solo brilhante, da qual se encontravam até agora disponíveis, entre nós, a colectânea “The Siberian Circus” e a reunião, em CD simples, de “XII Sibiriska Cyklar”, de 1981, e “Vill du Hora Mer”, de 1982, ambas reedições da Resource. Hollmer insere-se na genealogia dos grandes criadores totalitários, sintetistas absolutos que procuraram (e encontraram) a confluência de todas as músicas do universo. Uma genealogia que se iniciou nos anos 60 com Frank Zappa, prosseguiu na década seguinte com os Faust e os Henry Cow, e culminou nos Oitenta com os Univers Zero e Art Zoyd. O sueco tem ainda a vantagem adicional de ser um espantoso inventor de melodias, inspiradas ou não no folclore do seu país. Segunda gravação com a Looping Home Orchestra, depois de “Tӧnoga”, de 1985, este novo registo recolhe gravações ao vivo no célebre Festival Musique Actuelle, que anualmente se realiza em Victoriaville, no Canadá (daí o nome da editora: Victo) e ainda em vários outros festivais na Alemanha e na Suécia. A execução instrumental do colectivo – além de Hollmer, mais quatro suecos, Jean Derome (juntamente com Robert LePage, um dos grandes saxofonistas da nova música do Canadá) e Fred Frith – é simplesmente inacreditável, na forma exemplar como elaboram uma música complexa que por nenhum instante se deixa cair no tom de “desbunda” que, por vezes, assoma em registos ao vivo. Uma música com as dimensões dramáticas ao nível de Robert Wyatt, de “Rock Bottom”, o experimentalismo “dada” dos Henry Cow e a espacialidade cinematográfica de Ennio Morricone. Orquestrações extraplanetárias e improvisações ultraestruturadas, metamorfoseiam-se na fala de um piano em estado de exaltação psicotrópica. Fanfarras de circo derivam para canções infantis, motivos minimalistas explodem bruscamente num fogo de artifício de sopros com a urgência de um “free rock” sem fronteiras. A inventividade é constante. Cada segundo, cada nota contém em si os germes de mil outras músicas imagináveis. Há aqui a dor de gestação de planetas e a alegria de uma criança que brinca. Música que vive e respira, com sangue a pulsar-lhe nas veias. Ao disco chamemos-lhe obra-prima. (10)

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