22/11/2008

Kim Fowley - Let The Madness In

Pop Rock

20 de Dezembro de 1995
Álbuns poprock

Kim Fowley
Let the Madness In
RECEIVER, DISTRI. MEGAMÚSICA

Sem cair no exagero de Adolfo Luxúria Canibal – que, numa entrevista recente, afirmava que devia haver, além dele, mais duas ou três pessoas que conheciam a música de Kim Fowley -, é forçoso admitir não estarmos propriamente na presença de uma estrela. Fowley é um lunático, um prolixo lunático que, ao longo dos anos 60 e 70, assinou uma mão cheia de álbuns onde reina o delírio, a par de um número assinalável de produções. Álbuns como “Good Clean Fun”, de 1969, onde o absurdo se instala em faixas como “Motorcycle” – a letra é um vómito prolongado de grunhos e onomatopeias sob a forma de poema romântico de um jovem à sua namorada – ou “The great telephone robbery”, em que Fowley se faz passar por vários personagens e disca telefonemas ao acaso, gravando as respectivas conversas, sugerem uma espécie de Zappa intoxicado por ácido cortado com excesso de estricnina. 1995 assistiu a uma nova investida programada de Fowley, através do regresso aos palcos e da edição do presente álbum – um retrocesso, de certa forma imprevisível, para os batimentos metálicos da “cold wave” e da “música industrial” mais do que uma entrada em letra capitular nas catedrais da “tecno” e da “house”. É um disco de dança e de suor mecânicos, que destila sexo e fantasias de couro e de chicote por cada b.p.m., a começar na recorrência obsessiva de “Lipstick lesbians” e a acabar em “Tori Amos drinking teardrops in the twilight zone” e “Orson Wells’ mother”. “Let the madness in”, apesar de não possuir o mesmo fôlego e “lunacy” dos álbuns do passado, continua, porém, a resolver-se no desequilíbrio e a derreter um número razoável de células cerebrais. (7)

Sem comentários: